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Por Simplesmente Rosa

Segredos da Ilha – 7º Episódio / A ficha começa a cair...

O Dr. Matt acordou inteiramente. Sentou-se na cama e perguntou em tom áspero: — Que é Talles?








​— Desculpe Migo, é minha mulher, doutor. Ela não acorda de jeito nenhum, não parece muito bem.







Dr. Matt vai até o quarto do casal Gontijo e ao examinar Atena, percebe que ela esta morta. – Sr. Talles, sinto muito em dizer mas infelizmente sua esposa está morta.








​Talles fica mudo por alguns minutos depois pergunta: - Foi do coração doutor?







Dr. Matt olhava desconfiado para o homem a sua frente, parecia mais tranquilo que nos outros dias. – Como estava a saúde da sua esposa Talles? Ela foi há algum médico recentemente? Porque acha que foi algo do coração?





Não muito bem doutor, ela não dormia bem algum tempo e faz tempo que não víamos médicos.







— Tomava drogas para dormir? — indagou vivamente o doutor. Procurando para ver se encontrava algum vestígio de medicamento por perto. Talles olhou surpreendido para ele.








​— Drogas? Para dormir? Não que eu saiba. Estou certo que não. Ela não tomou nada ontem à noite, doutor, a não ser o que o senhor deu... — disse Talles com um olhar fulminante deixando Dr. Matt sem palavras.



Enquanto isso antes do café da manhã, os outros hóspedes já haviam se levantado e aguardavam a lancha para finalmente saírem da Ilha. Delegado Lucas RS caminhava sozinho e sentou se numa pedra e ficou ali parado olhando as ondas.


Angel e Danilo Marroni olhava do topo mais alto da Ilha em direção ao mar na esperança de avistar a Lancha de Vander 2015. Ali encontraram Douglas Gordon que fazia o mesmo.









— Ainda não há sinal dessa lancha — disse ele. — Estive cuidando daqui.







Escutaram um gongo, chamando os para o café da manhã, Angel foi andando na frente enquanto Douglas e Danilo, ficaram atrás conversando.




Que estranho o que aconteceu ontem a noite, um rapaz cheio de vida acabar desta maneira, passei a noite pensando sobre isso... Comentava Douglas Gordon.









— Tem alguma outra hipótese? Pergunta Danilo.








— Gostaria de ter alguma prova. Para começar, um motivo. Eu diria que ele estava muito bem de vida.







Pastor Jack saiu pela porta envidraçada da sala e veio ao encontro dos três. — O barco vem aí? — perguntou vivamente.






— Ainda não — respondeu Angel.








O Café foi servido por Talles, e todos o notaram mais estranho que o normal e comentavam.







​O Dr. Matt, que estava parado à porta do terraço, consertou a garganta e disse: — Devem desculpar quaisquer... hã... falhas no serviço esta manhã. Talles teve de preparar o café sozinho. A Sra. Atena Gontijo não pôde... hã... trabalhar esta manhã. Vamos terminar o café, depois tenho assuntos importantes para falar com vocês.





Todos tomavam café curiosos para saber qual era o assunto e ansiosos pela chegada da Lancha de Vander 2015.


Ao termino do Café Dr. Matt toma a palavra: — Achei conveniente esperar que todos houvessem terminado de comer antes de lhes dar uma triste notícia. A Sra. Atena Gontijo morreu durante o sono.


Houve interjeições surpreendidas e atônitas.














— Mas é terrível! — exclamou Angel. — Duas mortes nesta ilha desde que chegamos!







​O Juiz João Luiz, com os olhos entrecerrados, disse na sua vozinha clara e precisa: — Hum... Muito estranho... Qual foi a causa da morte? É necessário fazer uma autópsia?





Dr. Matt deu de ombros. — É impossível dizer assim, sem recursos técnicos. Eu não poderia dar um atestado de óbito. Não tenho o menor conhecimento de qual fosse o estado de saúde dela.







— Parecia ser muito nervosa — disse Angel — E ontem à noite sofreu um abalo. Talvez tivesse sido do coração, acho eu.







​O médico interpôs secamente: — Sim, é certo que o coração parou de bater... Mas qual foi a causa disso? Eis a questão.







Pastor Jack Cebolli pronunciou uma palavra apenas. Essa palavra caiu áspera e clara no meio do grupo que a escutava: — Consciência.









​Douglas Gordon indaga: — Que quer dizer exatamente com isso Pastor Jack?








— Os senhores todos me ouviram — respondeu o pastor, no tom calmo que lhe era costumeiro. — Ela foi acusada, juntamente com o marido, de terem assassinado deliberadamente seu patrão... um senhor idoso. Penso que a acusação era verdadeira. Todos os senhores a viram ontem à noite. Ao lhe ser lançado em rosto o seu crime, não pôde resistir ao choque e desmaiou. Morreu literalmente de medo. Ainda acrescentou tranquilamente: — Chame-o, se preferir, um Ato de Justiça Divina.







Todos pareceram chocados. Douglas Gordon falou, inquieto: — Isso é levar as coisas demasiado longe, pastor Jack.








O pastor olhou para todos com olhos acusadores e disse:

— Acham impossível que um pecador seja prostrado pela cólera divina! Eu não acho!







O juiz João Luiz com uma voz levemente irônica:

— Meu caro pastor, a julgar pelo conhecimento que tenho do mal, a Providência deixa a nós, mortais, o trabalho de condenar e punir... Uma tarefa muito difícil as vezes.






— Que foi que ela comeu e bebeu ontem à noite, antes de ir para a cama? — perguntou Douglas vivamente.







​​

- Talles garante que ela não comeu, nem bebeu nada ontem a noite. Respondeu Dr. Matt.








— Ah! — fez Douglas. — Mas isso é o que ele diz! O seu tom de voz era tão significativo que voltaram rapidamente os olhos para ele. Agressivamente, Douglas continuou: — Bem, por que não? Todos nós ouvimos aquela acusação ontem à noite. Podia ser puro disparate... simples loucura! Mas, por outro lado, podia não ser. Admitamos, por um momento, que fosse verdade. Talles e sua mulher acabaram com a pele do velho senhor. Bem, aonde é que isso nos leva? Eles se sentiam em perfeita segurança e muito tranquilos...






Angel interrompeu-o, dizendo em voz baixa: — Não, não creio que a Atena jamais se sentisse em segurança, ela parecia sempre nervosa e assustada.





— Bem, fosse lá como fosse — continuou — não havia, que soubessem nenhum perigo sério para eles. De repente, ontem à noite, algum lunático revela tudo. Lembrem-se de como o marido ficou junto dela quando estava voltando a si. Não era preocupação e sim medo que a mulher de maneira histérica revelasse toda a verdade. A mulher não tinha fibra para segurar a mentira por muito tempo... Ela era um perigo ambulante para ele!






Houve uma pausa, depois o delegado disse em tom de dúvida disse em tom de dúvida: — Talvez seja assim, mas acho quase impossível que um homem faça tal coisa... à sua esposa.








Douglas soltou uma breve risada e disse: — Quando o pescoço de um homem corre perigo, ele não perde tempo com sentimentos.









Houve nova pausa. Antes que alguém pudesse falar, a porta abriu-se e Talles entrou. — Desejam mais alguma coisa? — perguntou, olhando-os um a um.







O Juiz João Luiz remexeu-se levemente na cadeira e indagou: — A que horas costuma vir a lancha?







— Entre sete e oito, senhor. Às vezes, um pouco depois das oito.

Não sei o que Vander possa estar fazendo esta manhã. Se estivesse doente, mandaria alguém. Já passam das 10h00 da manhã.






De súbito, o delegado Lucas RS falou explosivamente:

— Lamento o que houve com sua esposa, Talles. O doutor acaba de nos contar.







Talles inclinou a cabeça. — Sim, migo, Muito obrigado! Apanhou o restante dos pratos e retirou-se. Novamente, fez-se silêncio.







No lado de fora da casa, Douglas, Danilo, Dr. Matt, Lucas RS, conversaram e chegando à conclusão que a lancha não ia aparecer. Cogitaram diversas hipóteses até mesmo um acidente.



— Não se trata de um acidente... isso é o que eu digo. Faz parte de um plano. — A lancha não vem. Estamos contando com a lancha para sairmos da ilha. É justamente o que significa toda essa história. Nós não vamos sair desta ilha... Nenhum de nós sairá daqui com vida... É o fim, entendem?... O fim de tudo...Falou impaciente o delegado Lucas RS se afastando.






Talles se aproximou e pediu para conversar em particular com Dr. Matt dentro da casa. — O senhor, doutor, pode conceder-me uma palavra, por favor?








- O que é Talles? E acabou por seguir um tanto assustado com o serviçal que estava muito diferente de instantes atrás. — Que há homem? Acalme-se — disse ele.






— Aqui, doutor, venha cá. O mordomo abriu a porta da sala de jantar. O médico entrou. — Estão acontecendo coisas que não entendo doutor — dizia nervoso. Vai pensar que estou louco, dirá que isso não é nada. Mas precisa ser explicado, migo. — São aquelas figurinhas, senhor. No meio da mesa. Os caboclinhos. Eram dez, juro que eram dez!





​— Sim, dez — disse Dr. Matt — Nós os contamos ontem à noite.






Talles chegou-se mais perto dele. — Exatamente, doutor. Pois ontem à noite, quando vim tirar a mesa, só havia nove. Reparei nisso e achei esquisito. Mas não pensei mais no caso. E hoje de manhã, não notei quando servi o café. Estava muito abalado pelo que aconteceu... Mas agora, quando vim tirar novamente a mesa... Veja o senhor mesmo, se não me acredita. Aí estão só oito! Só oito! É coisa que se entenda, é? Só oito...






Depois do café, Angel e o pastor foram fazer uma caminhada pela Ilha e conversavam. Não se viam barcos de pesca... e nenhum sinal da lancha. A aldeia do Recreio não podia ser avistada — somente o outeiro acima dela. Um penhasco saliente de rocha vermelha ocultava a pequena baía.





— O homem que nos trouxe ontem parecia uma pessoa de confiança — disse Pastor Jack. — É verdadeiramente muito esquisito que ele esteja tão atrasado esta manhã.







Angel não respondeu. Estava procurando reprimir um sentimento de pânico que crescia dentro dela. Depois de um ou dois minutos, disse em voz alta: — Tomara que ele viesse de uma vez. Eu... eu quero ir-me embora daqui.








Pastor Jack observou secamente: — Não tenho dúvidas de que todos nós queiramos a mesma coisa.







— Pensa mesmo que Talles e sua mulher mataram a velho senhor?







Pastor Jack olhou pensativa para o mar alto, depois disse:

— Pessoalmente, tenho absoluta certeza. Aquele desmaio da mulher. E lembre-se de que o homem deixou cair a bandeja do café. Depois, o modo como ele falou... Não convencia. Creio que ambos sejam culpados. E você, que pensa?







— Não sei o que pensar. A aparência dela... assustada da própria sombra! Nunca vi uma mulher com um ar tão assustado... Devia viver sob a obsessão do crime que cometera... Mas pastor Jack, se as acusações contra eles eram verdadeiras e as outras? Indagava ficando um tanto histérica e estranha.







Pastor Jack respondia calmamente com ar pensativo:

— Está claro que algumas das outras acusações eram forçadas e ridículas. Contra o juiz e o investigador, por exemplo, que não fizeram nada senão cumprir o dever imposto pelo seu cargo público. O delegado foi uma fatalidade em serviço, um risco da profissão. — Quanto a mim naturalmente, em vista das circunstâncias, eu não podia dizer nada ontem à noite. Era um assunto familiar.







Angel escutava-a com interesse. Pastor Jack prosseguiu serenamente:








— Eu e minha esposa Sara criamos nossa filha Natália Sanches no bom caminho, nunca lhe faltou nada.

Até que um dia começou a ficar muito moderna e sem moral, eu e minha esposa lhe damos muitos conselhos, mas não adiantou. Preferiu sair de casa.






— Que aconteceu a ela?







Um dia chovia muito e escutamos batendo na porta de nossa casa, minha esposa dormia. Quando abri a porta Natália estava lá toda molhada e com uma barriga enorme. Foi um choque pra mim... Pedi que saísse da porta da minha casa, pois não era mais minha filha, dei dinheiro para que fosse procurar um lugar ou voltasse para o seu marido.

— A criatura perdida — disse pastor Jack — não contente em já ter um pecado na consciência, cometeu um pecado ainda mais grave. Pôs fim à sua própria vida.







— Matou-se? — sussurrou Angel, horrorizada.








— Sim, atirou-se no rio.







— Como se sentiu o senhor quando soube que ela havia feito isso? Não se arrependeu ou sentiu-se culpado?







Pastor Jack empertigou-se: — Eu? Eu nada tenho que me reprovar.







— Mas se foi a sua... dureza... que a levou a tal?..








Pastor Jack retrucou asperamente: — Foi a ação dela... O seu próprio pecado que a levou a tal. Se tivesse portado-se como uma moça decente e recatada, nada disso teria acontecido. Virou o rosto para Angel.






Angel notara que não havia nenhum remorso, nenhuma inquietude nos seus olhos, eram duros e orgulhosos. Sentado no cume da Ilha do Caboclo, Pastor Jack parecia vestir uma armadura de virtude. De súbito, tornara-se um homem frio e terrível.







Enquanto isso o Juiz João Luiz ficava no terraço só observando o movimento.






Danilo Marroni e Douglas Gordon conversavam afastados. Dr. Matt precisava conversar com alguém e se aproximou dos dois. Após várias conjeturas sobre as mortes e os últimos acontecimentos novas teorias vão sendo reveladas.


Danilo Marroni sugere que o que está acontecendo é uma vingança por crimes: — Naturalmente... isso explica muita coisa. Explica a Ilha do Caboclo, quero dizer. Há crimes que não podem ser imputados aos seus assassinos. O do Talles, por exemplo. Outro caso é o do Juiz João Luiz, que cometeu o seu assassinato estritamente dentro da lei.




Um pensamento súbito passou como um relâmpago pelo cérebro de Dr. Matt: "Assassinato no Hospital. Assassinato na Mesa de Operação. Seguro... sim, tão seguro como uma fortaleza!"








— Daí o Sr. Olaf... — dizia Danilo. — Daí a Ilha do Caboclo!








​Dr. Matt respirou fundo: — Agora estamos chegando ao ponto principal: qual é o verdadeiro propósito de nos reunir todos aqui?






— Qual pensa que seja? — perguntou Danilo debochado.






Mais teorias são criadas e Dr. Matt Brandon divide com o grupo a observação de Talles a respeito dos caboclinhos da mesa.






— Sim, os caboclinhos de pedra... — disse Douglas Gordon. — É certo que ontem à noite estavam lá dez, à hora do jantar. E agora são só oito, diz você?






O Dr. Matt Brandon recitou:

"Dez caboclinhos vão jantar enquanto não chove; Um deles se engasgou, e então ficaram nove. Nove caboclinhos sem dormir: não é biscoito! Um deles cai no sono, e então ficaram oito."





Realmente muita coincidência, Santos morreu engasgado ontem a noite e agora a mulher do Talles morre ao dormir. Tem um lunático na Ilha, esse tal Olaf está escondido em algum lugar, mas vou encontrá-lo e acabar com ele.






Delegado Lucas RS se aproxima de mansinho dizendo: — Hoje não veio a lancha. Isso combina com o resto: sempre os pequenos arranjos do Sr. Olaf! A Ilha do Caboclo deve ficar isolada até que o Sr. Olaf acabe a sua tarefa.






Dr. Matt fica pálido. — Estão vendo?... Esse homem deve ser um doido varrido!








— Ninguém tem um revólver, por acaso? Creio que seria esperar demais. Brincava Douglas Gordon.








Danilo respondeu num novo timbre de voz: — Eu tenho, uma coisa que o Sr. Olaf não calculou, sou um homem prevenido. Vamos caçá-lo agora mesmo e assim parte em busca do misterioso Olaf.







Douglas arregalou os olhos e perguntou num tom excessivamente natural: — Sempre o carrega um revolver consigo senhor?







— Habitualmente — respondeu Danilo. — Tenho estado em alguns lugares perigosos, como sabe. Não tanto quanto este, mas se há um maluco na Ilha deve andar com um pequeno arsenal de venenos, armas de fogo ou armas brancas.






Os três homens iniciaram o giro pela ilha, mas não encontraram ninguém. Só viram o delegado Lucas RS que parecia hipnotizado olhando para o mar. Não queria ser perturbado por ninguém, deixando os outros preocupados com seu comportamento estranho.


— Está doido este delegado... Será quê é ele?... Alguém pensava.


Voltavam para casa, não havia barcos de pesca e o tempo estava mudando para chuva. Apesar de estarem juntos, havia uma certa suspeita entre eles.





Angel tinha andado inquieta durante toda a manhã. Evitara o pastor Jack com grande aversão. Saiu caminhando e se aproximou do perturbado delegado Lucas RS.

O delegado sentiu-lhe a chegada e voltou a cabeça. Seus olhos refletiam um estranho misto de interrogação e apreensão, que a sobressaltou. Por alguns instantes, o Lucas RS encarou-a fixamente. "Que esquisito!" pensou Angel. "É quase como se ele soubesse...".






— Ah! É você — disse ele. — A senhorita veio...








Angel sentou-se ao seu lado. — Gosta de ficar aqui olhando para o mar?








Lucas RS sacudiu suavemente a cabeça e respondeu: —- Sim. É um lugar agradável... Um bom lugar, acho eu, para esperar.








— Esperar? — disse Angel vivamente. — Que é que está esperando?






— O fim! Mas creio que já sabe disso, não? É verdade, não é? Nós todos estamos esperando o fim. — Nenhum de nós sairá da ilha. Esse é o plano. Sabe perfeitamente disso, é claro. O que talvez não possa compreender é o sentimento de alívio! Abençoado alívio, quando a gente sabe que está tudo acabado... Que não é mais preciso carregar o fardo. Há de sentir isso também, algum dia...






— Não compreendo — disse Angel. De súbito, sentiu medo do delegado.






— Veja, eu amava Paola — disse ele, perdido em suas meditações... Sim, eu amava Paola. Aí está por que fiz aquilo.

Agora já não adianta muito estar negando... Agora que todos vamos morrer. Eu enviei Davi Allen para a morte. Suponho que, de certo modo, tenha sido um assassinato. Curioso...Assassinato... e eu que sempre fui um homem tão respeitador da lei! Mas naquela ocasião não me pareceu assim. Não tive remorsos. "Ele bem que o merece!" foi o que pensei. Mas depois... — Vai ficar contente também, quando chegar o fim — dizia o delegado.





Angel levantou-se, dizendo asperamente: — Não entendo o que o senhor quer dizer!







— Eu sei, minha filha. Eu sei...







— Não sabe, não. Não compreende absolutamente nada... Saiu furiosa com repentino ódio do delegado que ficava ali distraído mais uma vez olhando para o mar.






Douglas, Danilo e Dr. Matt revistaram toda a casa também não encontrando ninguém além deles. Foi então, que ouviram um ruído em um dos quartos.


— Está no quarto em que se encontra o corpo da Sra. Atena Gontijo. — cochichou Matt.








Douglas respondeu no mesmo tom: — Está claro! O melhor esconderijo que ele poderia ter escolhido! Ninguém costuma ir lá.







Entraram de repente encontrando Talles com roupas e objetos pessoais. Constrangidos escutam as explicações de Talles que ia se mudar para outro quarto de hospedes para não ficar junto com a falecida.




Ao encerrar todas as buscas estavam sujos e cheios de teias de aranha, bastante carrancudos os três. Não havia ninguém na ilha a não serem eles, os oito que restavam.



Vagarosamente, Danilo falou: — De modo que estávamos enganados... enganados em toda a linha! Construímos um pesadelo de superstição e fantasia, só porque houve uma coincidência de duas mortes!






Dr. Matt disse com ar grave: — No entanto, como sabem, o argumento continua de pé. Que diabo, eu sou médico, sei alguma coisa a respeito de suicidas. Santos Madruga não era um homem desse tipo.







Começaram tecer discussões novamente, até que Douglas Gordon disse: - No caso da mulher pode ter sido um acidente não?








— Um acidente? De que maneira? — Pergunta Danilo.







Foi quase com brusquidão que Douglas diz: — Enfim, doutor, o senhor deu uma droga para ela tomar, não deu?






​​



Dr. Matt olhou surpreendido para ele. — Droga! Que droga?








— Não disse, ontem de noite, que ia dar-lhe alguma coisa para fazê-la dormir?











— Ah! Isso? Pois claro! Um sedativo inofensivo.






— Escute... — disse Douglas, fazendo-se ainda mais vermelho. — Para não estar com rodeios... O senhor não lhe teria dado uma dose excessiva, por acaso? — É possível que tenha cometido um engano, não é? Essas coisas acontecem de vez em quando.





O Dr. Matt replicou, irado: — Não sei o que você quer dizer. Não fiz semelhante coisa. A sugestão é ridícula — disse o médico asperamente. Fez uma pausa, depois acrescentou num tom frio e cortante: — Ou está insinuando por acaso, que eu lhe dei uma dose excessiva de propósito? Os médicos não podem dar-se ao luxo de cometer enganos dessa espécie, meu amigo. E não vou ficar aqui de nhenhenhen não.







Danilo apressou-se a intervir: — Escutem, vocês dois, é preciso conservar a calma. Não vamos começar a fazer acusações uns aos outros







Douglas observou deliberadamente: — Não seria o primeiro a acreditar no que disse aquela mensagem!







Danilo virou-se furioso para Douglas: — Que é que se lucra em dizer coisas ofensivas? Nós todos estamos no mesmo barco. Temos de remar juntos. E que me diz daquele seu falso testemunho, então?





Douglas deu um passo à frente, cerrando os punhos, e disse numa irado: — Falso testemunho, uma ova! Isso é uma mentira infame. Vá, tente fazer-me calar a boca, Sr. Danilo Marroni! Há algumas coisas que eu desejo saber... e uma delas diz respeito ao senhor!








— A mim? — fez Danilo erguendo as sobrancelhas.








— Sim. Desejo saber por que foi que trouxe um revólver consigo, quando vinha fazer uma agradável visita social.








— Vim armado porque me levaram a crer que esta ilha era um lugar perigoso.









— O senhor não nos disse isso ontem à noite — retrucou Douglas Gordon, sempre desconfiado.







— Deixei que todos pensassem que eu tinha vindo para cá nas mesmas condições que a maioria dos outros. Não era bem verdade. O fato é que fui procurado por um tal Pablo Adriano que me pagou uma boa quantia para eu estar aqui, sou um bombeiro acostumado com o perigo, disse que me explicaria na Ilha o que teria de fazer, e não disse mais nada.








— Por que não nos contou isso ontem à noite? — indagou.







— Mas, meu caro... Como podia eu saber se ontem à noite não se tratava precisamente da eventualidade para a qual fui chamado? Fiquei na moita e inventei uma história que não me comprometesse.







O Dr. Matt fez uma pergunta arguta: — Mas agora... pensa diferente?








Danilo mudou de expressão. Fez-se mais duro e sombrio.

— Sim — disse ele. — Acredito agora que estou no mesmo barco com os senhores todos. Aqueles dinheiro que recebi foram apenas a isca que o Sr. Olaf usou para me fazer entrar na ratoeira com os outros. — Porque estamos numa ratoeira... isso, juro-o! A morte da Sra. Atena Gontijo! A de Santos Madruga! Os caboclinhos que desaparecem da mesa de jantar! Oh! Sim, em tudo isso se vê claramente a mão do Sr. Olaf... Mas onde diabo está o próprio Sr. Olaf?






Lá embaixo, uma pancada solene no gongo chamou para o almoço. Talles havia preparado um almoço simples com alguns enlatados e congelados.







O Juiz João Luiz entrou a passos lentos olhando para os outros ocupantes da sala, e comentou: — Os senhores estiveram muito ativos esta manhã. Havia um leve prazer malicioso na sua voz.





Angel entrou apressada, um pouco ofegante. — Desculpem se os fiz esperar — disse vivamente. — Estou atrasada?







— Você não é a última — respondeu o Pastor Jack. — O delegado Lucas RS ainda não chegou.









Sentaram-se à mesa. Talles perguntou: — Vão começar almoçar agora ou preferem esperar?







— O delegado está sentado lá embaixo, à beira do mar — disse Angel. — Não creio que ele tenha ouvido o gongo... — Angel hesitou. — Parece-me que está um pouco aéreo hoje.








Talles ofereceu-se em seguida:

— Vou descer para avisá-lo de que o almoço está pronto.









Dr. Matt levantou-se rapidamente: — Irei eu. Podem começar. O médico deixou a sala.







As cinco pessoas sentadas em torno da mesa pareciam achar a conversa difícil. Lá fora, súbitas rajadas de vento sopravam intermitentemente: — Aí vem uma chuva.






De repente ouviram passos de alguém correndo, era o Dr. Matt Brandon que chegava quase sem fôlego: — O delegado Lucas RS... Começou ele. — Está morto.





Houve um silêncio... Um longo silêncio. Sete pessoas entreolhavam-se sem poderem encontrar palavras que dizer.


Faltam apenas 3 episódios para o final!

Quem é e onde está Olaf?

Como escapar da Ilha?

Mais segredos escondidos...

Obrigada aos leitores/comentaristas do Recreio ! 🌹🌹🌹


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