Especial Raul Gil Parte V - Novos sonhos
Na coluna anterior, falávamos da volta do Raul Gil à Rede Record, agora sob o comando da Igreja Universal do Reino de Deus e contamos a trajetória até o ano de 1993.
Para 1994, mudanças aconteceriam para o Programa Raul Gil. Antes de falarmos das mudanças em si, vamos retratar o cenário das tardes de sábado da época.
A Bandeirantes, cada vez mais focada no público masculino, - através das sessões de filmes de luta e de filmes eróticos, alcançando alta audiência; e também das transmissões esportivas - não estava muito contente com o desempenho do Clube do Bolinha.
Nos primeiros quatro meses de 1994, a emissora dos Saad encurtou o Clube do saudoso Edson Cury, passando a exibir o programa do 12h00 até as 16h00, interrompendo para a transmissão do Campeonato Paulista. Em outros anos, o Bolinha voltava depois do futebol, completando o programa das 18h00 até as 19h00, o que passou a não acontecer mais no começo de 1994.
A Bandeirantes (que já estava começando a ser chamada de Band, criação dessa época, inclusive adotando a primeira marca d'água da TV Brasileira) passou a comparar as audiências do programa do Bolinha e do futebol, e decidiu que o dia 30/04/1994 (no fim de semana da morte do Ayrton Senna) que seria o último programa, dispensando o carismático apresentador, que acabaria não voltando mais para a TV.
No lugar dele, a Band passou a exibir jogos de Vôlei, compactos da NBA e outras modalidades esportivas.
O caminho, percebam, ficou um pouco mais fácil para o Raul Gil, embora ainda enfrentasse, no SBT, o Novo Show de Calouros, e na Rede Globo, o Esporte Espetacular, que geralmente fazia um "aquecimento" do jogo que seria transmitido logo em seguida (quando não tinha Futebol, a faixa das 16h00 era ocupada pela Sessão de Sábado).
Agora, vamos relatar as mudanças do Programa Raul Gil em 1994. Em primeiro lugar, o cenário foi modificado, apostando em diversas cores (a partir dessa época, a Record, talvez com um pouco mais de dinheiro, passou a caprichar na elaboração dos cenários para os seus programas). Abaixo, a chamada de uma edição do programa Raul Gil de 1995, mais um grande vídeo do canal AGC.
A técnica foi beneficiada, através da aquisição das então modernas câmeras portáteis da Sony (BVP-550), que já funcionava à base dos chips (a Band também passou a ter essas câmeras a partir do ano seguinte, e até a Rede Globo, a partir de 1996, passou a utilizar essas câmeras portáteis no seu jornalismo e nas transmissões esportivas).
Vale lembrar que até 1998, os programas de auditório da Record eram gravados no lendário Teatro Record que ficava em Moema, na Avenida Miruna. Porém, em 1995, a Record já tinha adquirido os atuais estúdios da Barra Funda da antiga TV Jovem Pan, e de lá já produzia o infantil Agente G (com o saudoso Gérson de Abreu).
E o conteúdo do programa também vinha com novidades. O programa do Seu Raul, que era exibido entre as 14h00 até as 18h30, passou a apostar demais nos números musicais (em algumas semanas, o programa chegava a anunciar mais de 10 atrações musicais, entre sucessos do momento, pessoal das antigas, revelações de futuras promessas e sub-celebridades, uma praga desde aquela época)!
O concurso de calouros recebeu um novo nome, retomando a fórmula dos anos 80, "Você faz o Show"... aonde cantores, transformistas, mágicos, dançarinos, entre outros, iam tentar a sorte de serem aprovados pelos jurados para receber a grana, uma boa quantia em URV, e posteriormente, em reais.
E também em 1994, o Airton Rodrigues e o Aerton Perlingeiro (já contamos a história deles) já tinham falecido. O Seu Raul, um cidadão esperto, foi conversar com a Lolita Rodrigues (que na época estava no elenco da novela A Viagem), para pedir autorização, concedida por ela. Estão curiosos?
O Raul Gil, também dentro das mudanças para 1994, relançou o quadro "Pra quem você tiraria o Chapéu?" que logo virou sucesso absoluto, e inicialmente, muito provavelmente apenas com a participação de artistas no quadro. E desse jeito permaneceu durante praticamente todo o ano de 1995, com a audiência estável entre 4 e 6 pontos.
A Rede Record, em 1995, ainda era uma emissora modesta, aonde o Eduardo Lafon (créditos ao grande Locutor, que está contando a história da Record na Coluna Tela Em Evidência ) ainda estava "conhecendo o terreno". As maiores audiências da Record naquele ano, além do Raul Gil, eram representadas pelo Especial Sertanejo, do Marcelo Costa e também pelo recém estreada série Arquivo X.
No segundo semestre daquele ano, as coisas começariam a se complicar para o Raul Gil, pois a Record passou a transmitir campeonatos europeus (Campeonato Italiano, Copa da Inglaterra, entre outros) e esses jogos ocasionalmente atrapalhariam o horário do programa.
Em 1996, a Rede Record decidiria aumentar ainda mais sua participação nas competições esportivas, e passou a transmitir junto com a Globo e a Band o Campeonato Paulista, para isso contratando uma equipe de peso, como os repórteres Ely Coimbra e José Luiz Datena (ele mesmo), vindos da Band, o comentarista Juarez Soares e o narrador Luis Alfredo (ambos oriundos do SBT, aonde fizeram a cobertura histórica da Copa do Brasil).
Com isso, o seu Raul ficou numa situação complicada. Tinha sábado que o programa começava as 11 horas da manhã e ia até as 14h00 apenas, pois em seguida teria as transmissões da Copa da Inglaterra e na sequencia entrava o campeonato Paulista.
Em março de 1996 o apresentador não aguentou mais a situação. E ao mesmo tempo, uma outra emissora que estava tentando sair da crise resolve chamar o nosso homenageado para alavancar as tardes de sábado, que até então estava num traço absoluto. Lembrem-se que a Record em 1996 apenas estava engatinhando e naquele momento ainda não sonhava sequer em roubar a vice-liderança do SBT.
Daqui duas semanas a continuação dessa história. Semana que vem teremos a volta do "Tiro Ao Alvo" e o vale-tudo da TV. Até a próxima.