Sensacionalismo barato, e humor caricato: O triste disparate da televisão aberta!
Atualmente presenciamos uma cena um tanto quanto inusitada na televisão aberta, afinal as duas principais emissoras concorrentes da Rede Globo (Record e SBT) finalmente demonstraram, mesmo que intrinsecamente, ter a capacidade de enfrentá-la, conseguindo em vários horários fatiar a distribuição de telespectadores, sendo que uma delas chegou ao ponto de vencer o principal produto global em pleno horário nobre, ou seja, poderíamos concluir assim que a qualidade das duas emissoras aumentaram consideravelmente. Contudo, por mais paradoxal que possa parecer, mesmo com as recentes ascensões de audiência das emissoras que concorrem à vice-liderança, a qualidade de seus produtos continuam questionáveis e os conteúdos extremamente apelativos, consagrando assim, a recente era do “Vale tudo por audiência” que vivenciamos nos dias atuais.
Na disputa pela vice-liderança existe atualmente uma pequena “guerra”, por mais que não declarada oficialmente entre SBT e Record, sendo que a primeira praticamente não investe recurso algum, vivendo basicamente de reprises e enlatados, e a segunda, muito pelo contrário investe quantidades significativas, porém de forma pouco eficaz, apostando principalmente em programas policialesco, e sensacionalismo exacerbado, fora que tanto Record quanto SBT limitaram seus públicos, sejam para remakes de novelas infantis ou para novelas com temáticas bíblicas, demonstrando ou falta de criatividade ou medo de apostar no diferente, como por exemplo o dilema do novo horário de novelas adultas do SBT ou a estreia de Escrava mãe que fora adiada do que o termino da recente versão de Chiquititas.
Por fim, observamos que mesmo com a crescente alta de Record e SBT, em nada assustará a Rede Globo, que por sua vez, possuí uma grade sólida e com a grande maioria dos programas bem consolidada. Porém a disputa pela vice-liderança tornou-se cada vez mais apelativa com programas com conteúdos duvidosos e que assemelham-se pela baixeza de nível.
Tornou-se comum ao sintonizarmos
nossos televisores na Rede Record encontrarmos apresentadores emocionados, aparentemente comovidos com tragédias alheias, cobrando respostas das autoridades governamentais e banalizando desgraças ao invés de simplesmente informá-las. Não defendo que a imprensa deve ficar calada, amordaçada, porém a liberdade de expressão já fora extrapolada há tempos, sendo que hoje apenas existe uma busca incansável por audiência, onde não existem limites para alcançá-la. Não duvidaria se existissem anseios por parte de certos apresentadores por enchentes e desgraças alheias apenas com o objetivo de alcançar pontos no IBOPE, entretanto, isso nada mais passa que de minha opinião e liberdade poética.
Porém não podemos unificar esses programas de fracos conteúdos e extremamente apelativos a Rede Record, quando semanalmente o SBT exibe o programa “Casos de Família”, que para família realmente não tem nada, e o policialesco “Brasil Urgente”, da TV Bandeirantes, que faz concorrência ao “Cidade Alerta”, sendo tão apelativo quanto.
O que dizer então a respeito do quadro do programa “Balanço Geral” intitulado como “A hora da venenosa”? Bom, apenas pelo nome já podemos concluir o nível de qualidade do quadro, contudo, não definirei como o pior programa da televisão brasileira, até chego a admitir que exista certo humor caricato na atração comandada principalmente pela jornalista Fabíola Reipert, que por sua vez, aparenta procurar barracos com celebridades e subcelebridades das emissoras concorrentes e de todo mundo artístico, acarretando a si mesma alguns processos, nos quais costuma ser absolvida devido a liberdade de imprensa.
Já se tornou perceptível que a programação das aspirantes a liderança durante a semana é extremamente fraca e por mais que alcance índices satisfatórios e alguns até mesmo a liderança, para as ditas emissoras, não são suficientes para a colocarem no patamar de qualidade da Rede Globo.
Contudo, se a situação durante a semana é lamentável, a dos finais de semana podem ser consideradas patéticas e ridículas. O assistencialismo e o sensacionalismo se tornou regra em todas as programações, sendo que até a Rede Globo aposta, mesmo de maneira mais leve, nessas práticas. O assistencialismo em si não faz nada de errado, muito pelo contrário, na visão dos telespectadores parecem maravilhosos atos de humanidade, mas na realidade sabemos que nada mais passa do que um jogo por audiência onde as dificuldades das pessoas tornam-se instrumentos para alcançá-las. São tantas histórias que chegam até comover o público, mas na realidade essas ditas “ações nobres” nada mais passam do que um comércio de interesses, onde quem passa dificuldades acabam por tendo mesmo que indiretamente os seus problemas explorados. Oferecem ajuda? Oferecem sim, porém, visando os retornos muito maiores, e não por toda essa bondade. Será que é um pouco de utopia praticar esses atos longe da mídia e das câmeras, visando unicamente à bondade? Nesses casos, creio eu que sim!
E o que dizer dos quadros “Beleza Renovada” e “Arruma meu/minha marido/esposa”? O nível de apelações se tornou tamanho que dois concorrentes diretos apostam no mesmo quadro e usam da imagem de uma/um participante para conseguirem audiência. Mexem com o psicológico das pessoas de maneira exacerbada, porém de forma tão persuasiva que muitas vezes nem chegamos a perceber. Será que é errado utilizar da imagem de uma pessoa para conseguir audiência? Eu não gostaria de aparecer na televisão para falarem o quanto eu estou fora dos padrões e por fim chegar a passar cenas de humilhações, mesmo que no final, a consequência seja vantajosa, mas vai de cada um mesmo.
Já perto de concluir, não poderia deixar de citar o lamentável caso do programa “Gugu”, que chegou a níveis estratosféricos de sensacionalismo em sua recente estreia este ano, com o caso do túmulo da Dercy Gonçalves. A velha justificativa da audiência conquistada não deve ser diretamente associada à aceitação por parte do público, afinal, “[...] a curiosidade de conhecer as coisas foi dada aos homens como castigo [...]”, portanto, é completamente lógico, que por mera curiosidade ou até mesmo por repulsa, houve essa explosão de audiência.
Contudo, mesmo com o cenário desagradável na televisão aberta, não posso deixar de reconhecer os esforços de todas as emissoras para oferecer ao público uma grade mais consistente e menos apelativa, e caso não seja verdade apenas prefiro acreditar que seja, pois preguiça nenhuma dessas emissoras possui, afinal, “tanta mediocridade requer muito esforço”.
E por fim devemos agradecer a Rede globo por ter nos oferecidos uma ótima opção, fora da TV paga, de programação dominical. “The Voice Kids” merece a audiência que tem por não viver a mercê de sensacionalismo e por demonstrar conteúdo consideravelmente agradável para os telespectadores, fora o show de talentos demonstrados por todas as crianças.
O texto acima foi redigido com o objetivo
de expor minhas opiniões tentando alcançar
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Todas as opiniões escritas são de minha
exclusiva e completa responsabilidade.
OBRIGADO PELA LEITURA
DOUGLAS P. ROSENSTOCK OLIVEIRA.
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