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  • Douglas Marques

O futuro incerto


O mundo sempre foi malicioso. Esperar dos desconhecidos a malícia e agir com desconfiança para com estes sempre foi comum entre nós, porque nós mesmos sabemos que, no fundo, somos, em maioria, assim. O problema é quando se faz da malícia uma cultura e se a transmite de tal forma desde cedo, fazendo com que certas atitudes entrem em desacordo com determinada idade. Isso é exatamente o que está acontecendo atualmente.


A mais importante e determinante fase de transição da vida de um ser humano é a fase da pré-adolescência. A idade que determina o início e a que determina o fim da pré-adolescência são relativas; ainda assim, entende-se este período como sendo aquele em que a criança deixa de ser criança e entra em uma fase em que começa a amadurecer. No entanto, começar a amadurecer não é sinônimo de estar amadurecido; por isso, esta fase de transição deveria preservar as atitudes anteriores de uma criança enquanto introduz lentamente novas atitudes. Mas não é isso o que tem acontecido, porque cada vez mais vemos nos pré-adolescentes atitudes de adultos. Isso seria bom se tais atitudes envolvessem uma maior racionalidade, uma sensatez maior ou uma noção mais ampla da vida. Mas aqui, infelizmente, estamos falando do sexo. Em outras palavras, por alguma razão as pessoas estão se erotizando precocemente, e é importante entendermos o porquê de isto estar acontecendo.


Pré-adolescentes sempre quiseram parecer adultos. Isto é, e sempre foi, um desejo natural. E para parecerem adultos, o raciocínio lógico deles é se espelhar em um adulto, como os pais, por exemplo, imitando suas atitudes. Os pais, cientes de sua responsabilidade, sempre tentaram transmitir a seus filhos tudo aquilo que o senso comum julga ser o ideal a que eles tenham acesso nesta idade, fazendo sempre muitas restrições, policiando-se e preocupando-se em serem bons exemplos. Graças a este policiamento, mesmo convivendo juntos, os adultos sempre tomaram cuidado com o que estavam transmitindo a seus filhos. Este cuidado, porém, está entrando em extinção, e os jovens cada vez mais estão tendo acesso a exemplos que os adultos jamais deveriam transmitir. Em outras palavras, os pais estão relaxando; mas isto não é tudo.

A mídia

Sabemos do poder que a mídia sempre teve sobre as pessoas e de como sua influência é forte sobre elas. No entanto, a mídia sempre teve uma preocupação de separar o que pode e o que não pode ser visto por pessoas de determinada idade. O problema é que, assim como os pais, a mídia também perdeu sua capacidade de policiamento, e por isso, atualmente, deparamo-nos com um cenário em que o sexo está cada vez mais presente, até em programas de classificação livre. Obviamente, não se trata de algo explícito, mas a verdade é que, mesmo assim, a mídia está plantando uma semente perigosa. Ao expor o sexo cada vez mais como algo normal entre quaisquer pessoas, ela coloca na mente dos mais jovens que para eles esta não é uma possibilidade tão distante como presumiam. Isto, no entanto, não representa a consolidação desta impressão na mente deles, pois o maior responsável vem a seguir: a internet.


O acesso fácil à internet, que é um advento muito recente, está promovendo mudanças muito profundas na sociedade. As pessoas estão mais informadas, estão mais politizadas e mais conectadas. Mas, como tudo na vida, a internet vem para o bem e para o mal. E eis aqui um dos maiores males da internet: A mistura de todos em um mesmo espaço.


Na internet temos pessoas de religiões diferentes, etnias diferentes, ideologias diferentes e, principalmente, idades diferentes. Ao dar ao jovem o acesso facilitado à internet, possibilita-se que ela tenha acesso a um mundo desconhecido cujo controle é quase inexistente. Aqui se observa o maior exemplo de relaxamento dos pais, o qual mencionamos acima. E este relaxamento tem um preço.

Como funciona

Como dissemos anteriormente, os jovens querem parecer adultos, e para conseguir isso, a lógica deles é imitar as atitudes dos adultos. Até pouco tempo atrás isto se refletia em coisas comuns, como o irmão mais novo imitando os atos do mais velho. Isso, porém, era algo momentâneo – apenas uma fase específica em que o jovem sentia uma fixação temporária, que não se convertia em uma necessidade por fazer isso.


Contudo, ao facilitarem o acesso das crianças à internet, e sabendo como a internet tem o poder de viciar as pessoas nela, esta passou a fazer parte do cotidiano dos jovens, não sendo este vício apenas uma fase momentânea, mas permanente. O problema é que, estando na internet(especificamente nas redes sociais), o contato dos mais jovens com as atitudes dos mais velhos é constante. Por ser constante, este contato não desenvolve neles uma mera fixação momentânea em imitar tais atitudes, como antes, mas sim um desejo permanente. Isto porque, vendo todo o seu ambiente dominado por atitudes maduras, os jovens se sentem coagidos a reproduzirem as mesmas atitudes para se sentirem integrados àquele ambiente. Este é só mais um exemplo da necessidade de inclusão que permeia o mundo de hoje. A cultura do parecer como sendo mais importante que ser começa a ser introduzida nos jovens exatamente neste momento em que entram na internet.


Ao longo do tempo, eles desenvolverão mais ainda esta cultura e, como todo mundo, darão mais valor ao externo que o interno. Mas o mais importante aqui é notar que a necessidade de imitar atitudes para se sentir incluído é que está levando os jovens a se erotizarem mais cedo; isso porque, uma vez que o sexo, sendo ele em forma de conotação ou explícito, domina todo o nosso ambiente hoje em dia, bem como a maioria das atitudes que as pessoas externam nas redes sociais, um jovem a imitar as atitudes de um adulto é sinônimo de erotizar-se.



Na prática, imagine uma menina de 13 anos que possui uma conta no Facebook. Ela não tem a menor intenção de parecer uma “piriguete”, ela não tem vivência e experiência de vida adulta nenhuma para agir assim; mas, uma vez que todas as meninas mais velhas com quem ela tem contato em sua rede se expõem desta forma, ela vai imitar esta atitude para sentir-se inclusa neste mundo. Ela vai perceber que aquela foto na qual uma garota mais velha aparece com um decote exagerado rendeu mais curtidas que a foto comum na qual esta apenas sorri; e, naturalmente, ela vai reproduzir a primeira foto – porque aqui entra também um outro desejo que está dentro de todos nós: a necessidade de chamar a atenção.


No caso dos meninos, o garoto de 13 anos vai perceber que será levado mais à sério no ambiente em que está se ele posar como um “pegador”, tal como fazem os garotos ao seu redor. Ele verá naquilo um símbolo de status e vai reproduzi-lo. Ele não será assim porque é de sua natureza tornar-se isto, ele será assim porque se sentirá coagido por seu ambiente a sê-lo. Mais uma vez temos aqui a necessidade de inclusão.


O que isso nos mostra é que, primeiramente, os jovens não se erotizam precocemente porque querem ou porque isto é natural em sua formação, mas sim porque eles veem na erotização a única forma de se integrarem ao ambiente que os circundam.


Em segundo lugar, fica claro que tanto a mídia quanto a internet(representada aqui pelas redes sociais) não estão apenas influenciando e moldando, mas sim criando caráteres. E o perigo está aí, porque os jovens pré-adolescentes ainda não possuem discernimento para medir suas atitudes. No ambiente em que se inserem, sua personalidade é forjada aos moldes do mundo, da mídia que explora cada vez mais o sexo e da grande empresa que vende a esbórnia como sendo o sinônimo de status e de preenchimento de vida – que produz, dentre outras coisas, músicas e clipes que ensinam o homem a ser moleque e agir como um caçador e ensinam a mulher a agir como um instrumento sexual como forma de exercer domínio.


No futuro veremos a consequência drástica que esta cultura trará à nossa civilização, que é...

A destruição da família

Uma família não é apenas um homem e uma mulher que reproduzem um filho. Uma família é aquilo que representa a união fundamental de pessoas que se amam e a transmissão dos valores morais à posteridade. Sem esta união as crianças crescem com sua personalidade marcada, e sem os valores elas crescem com sua visão de mundo distorcida. Por isso, é correto dizer que boa parte dos que são bandidos representa pessoas que cresceram em “famílias” (que são famílias apenas no nome) que não lhes ensinaram os valores morais de forma efetiva.


Tendo em vista que a família pressupõe a união estável e consciente, como esta será em um mundo que cada vez mais está permeado por uma cultura de desunião que exalta o ato de “ficar” e que exibe o casamento como uma condenação? Que tipo de pais, por exemplo, serão os moleques que enxergam na mulher apenas um objeto de prazer que pode ser jogado fora?


Em síntese, com a disseminação cada vez mais crescente, através da mídia e da internet, de uma cultura que valoriza a “pegação” e condena a união para toda uma vida, será que futuramente haverá família? E, se não houver, o que será da nossa sociedade?

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