"Teologando" | Por que os cristãos comemoram a Páscoa?
Pode parecer uma pergunta sem sentido, mas a verdade é que muitos – principalmente no próprio meio cristão – não sabem o porquê este feriado que foi pelos cristãos “usurpado” dos judeus é, sem dúvida nenhuma, uma das datas comemorativas mais importantes de nosso calendário. Muitos acham, por exemplo, que essa importância se dá apenas pelo fato de Cristo ter ressuscitado no mesmo dia em que a Páscoa acontecia. Tal afirmação não deixa de ser correta, mas no máximo trata-se de uma meia verdade.
Primeiro, vamos entender o que significa a Páscoa para os judeus. Trata-se de uma data representativa, onde se relembra o dia em que os descendentes de Jacó foram libertos das mãos do Faraó e da escravidão do Egito. Especialmente é a lembrança da décima praga, quando um cordeiro macho, sem mácula foi sacrificado na casa dos filhos de Israel para que eles não perecessem nas mãos do anjo da morte.
Esse acontecimento é de grande importância simbólica para os cristãos. Desde que o pecado entrou ao mundo, foi necessária a morte de um inocente para que o pecado do homem fosse “justificado”. Quando Adão pecou e sentiu-se envergonhado, um animal foi morto para que sua nudez fosse encoberta. A história mostra que a importância do “sacrifício” é tão grande, que acabou fazendo parte do conjunto de leis instituídas através de Moisés.
Jesus, como o Messias prometido à nação de Israel, chega como o cumprimento e a efetivação da justificação do pecado do homem. Ele foi o cordeiro puro, sem mácula, enviado por Deus para a justificação dos pecados tanto de judeus quanto de gentios. Somente um ser perfeito, sem pecado – o próprio Deus – poderia carregar sobre si o pecado da humanidade.
Se antes judeus poderiam se arrepender de suas falhas e, como representação física do arrependimento, apresentar o sacrifício de um cordeiro puro a Deus, com a morte de Cristo um único homem levou sobre si as nossas dores, caindo sobre ele o castigo que estava sobre nós. E um detalhe: tudo aconteceu no período da Páscoa. A libertação do mundo da escravidão do pecado se deu na mesma data em que Deus libertou os hebreus da escravidão do Egito.
Mais do que o dia em que Jesus venceu a morte e ressuscitou dentre os mortos, a Páscoa é para os cristãos a representação do fim da escravidão do mal, assim como sempre foi para o povo judeu. Porém, diferente do povo de Israel, não mais precisamos sacrificar um cordeiro nesta data. A Santa Ceia (ou Eucaristia, para a Igreja Católica) foi o “ritual” instituído pelo próprio Cristo para que, em memória dele, lembrássemos do seu sangue e corpo que foi repartido por nós.