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Sara Miranda

Primeiro encontro com um livro

Abro os meus olhos assustada, mas volto a fecha-lo por conta da claridade da luz. Percebo o quanto o meu corpo está dolorido, e que meu rosto está todo molhado por conta do sonho que tive, era tão lindo e ao mesmo tempo triste. Sonhei com uma mesa enorme de comida de tudo que é tipo. Doces, bolos, pães e outras coisas deliciosas, mas de repente surge uma mulher e começa a brigar comigo dizendo que não podia comer aquela comida porque estou suja e feia, então começo a chorar e acordo. Não tenho ideia onde estou lembro que tenho que parar de dormi em qualquer lugar.



Volto a abrir meus olhos, quando escuto um homem brigando com uma mulher. Pensei que já era difícil ser moradora de lixo com a minha mãe viva, mas depois que ela morreu e fiquei só, ficar sozinha tem tomado conta de uma maneira dura na minha mente e em meu coração. Lembro-me da última palavra que ela disse antes de morrer, ela gritava tanto, VIVA! Ao ponto que eu não sabia se eu chorava por ver alguém que eu gosto tanto morrendo ou se ficava com raiva por ela está fazendo um pedido como aquele, em um mundo onde as pessoas só sabem ligar para elas mesmas sempre procurando ter mais que o outro.

Volto à realidade quando sinto um cheiro maravilhoso de pão, já faz cinco dias que não tenho uma comida decente apenas como o que encontro nos lixos, olho ao redor e percebo que estou atrás de uma padaria que não conheço, mas que espero que eles joguem o resto de comida que sobra dos clientes fora.

Porque esse vai ser o meu café da manhã e se possível meu almoço.


Vejo uma mulher puxando pelo braço uma garota que parece ser mais ou menos da minha idade , ela está com algo em seus ouvidos e parece não escutar o que a moça que parece mais ser sua mãe está lhe falando. De repente eu escuto ela falar alto com a garota:

- Vamos logo, se não você vai se atrasar para escola.


E elas entram na padaria nem percebendo que estou olhando para elas. O que me chama atenção é o fato que a menina demonstra não está preocupada se vai atrasar ou não, algo que tenho certeza que não faria, já que tenho notado esse lugar chamado escola desde que tive que me virar sozinha e fico encantada com tudo que vejo crianças limpas, bonitas, com pai e mãe levando elas para aquele lugar.

Vejo um homem saindo da padaria com uma sacola que parece ter pães, chego perto dele e peço para ele se tem como ele me dá um pão, por favor, minha mãe sempre falava que por favor e obrigada eram às palavras mágicas para tudo. O homem olha para o meu rosto de um jeito que já estou acostumada que as pessoas me olhem e joga dois pães em minha direção. Agradeço acenando a cabeça e sento na calçada e como meu pão quieta. Quando estou quase no final do segundo pão a moça e a menina sai da padaria.

E eu corro atrás delas sem que ninguém perceba.

Elas não estão indo muito longe da padaria, e logo para em frente de um prédio grande amarelo com um portão branco com um nome logo em cima Escola Imperador.


Sei ler porque a minha mãe me ensinou desde que eu era novinha, como não saia de casa ela sempre me ensinava a ler os rótulos das embalagens que ela trazia dos lixos.

A menina entra na escola e a mãe ainda parada no portão o observa e depois se vai. Espero todas as crianças entrarem sem que ninguém me veja. Já percebi que essas crianças não gostam de ver alguma criança como eu. Depois que todas entrarem olho para ver se não tem mais ninguém por perto e saio da onde estava escondida. E vou para os fundos da escola, chegando lá vejo várias latas de lixo e fico pensando o que será que tem nos lixos de uma escola. Olho para os lados para ver se tem alguém vindo, então começo a revirar os lixos tentando não fazer nenhuma bagunça. Encontro papel e mais papéis, várias embalagens de canetas vazias, e lápis sem pontas.

De repente com a minha mão que está dentro da lata toca em algo que é mais duro do que um papel, e meu coração para por um momento. O que será aquilo que estou com medo que alguém me veja mais mesmo assim a minha curiosidade é grande demais. Seguro com força e puxo, quando olho o que puxei vejo que é um monte de folhas juntas uma com a outra, mais que em cima delas e atrás tem uma folha mais dura do que as outras. Olho para frente daquilo e leio a frase: O príncipe feliz e outros contos.

Vejo que tem uma foto na folha toda, e que tem um rapaz em pé na escada usando roupas engraçadas e estranha ele está olhando para uma moça que está deitada no pé da escada olhando para o rapaz que está com as mãos na boca como se estivesse surpreso. No canto da folha tem o nome OSCAR WILDE. Olho atrás que é laranja com várias palavras e um código de barra bem no cantinho, sei o que é um código de barra porque minha mãe falava que era por conta daquilo que morávamos na rua, já que tudo tinha aquilo e aquilo era para dizer o quanto a coisa custavam.


Abrir dentro da folha dura para ver o que tinha dentro e meu Deus fico surpresa ao ver tantas palavras juntas. Nunca tinha visto aquilo antes e quanto mais mudo de folha mais palavras aparecem, eu sei ler mais nunca li aquela quantidade de folhas. Percebo que bem no cantinho das folhas tem um número olho a última folha para ver qual é o número que tem e vejo o número 115.

Escuto de repente um barulho e saio correndo daquele lugar, ninguém pode me ver ali. Quando olho para as minhas mãos vejo que ainda estou segurando aquilo que eu encontrei e que não quero de jeito nenhum desgrudar daquilo. Porque nunca fiquei tão encantada com algo como fiquei com aquilo, mal sabia eu que aquilo era apenas o começo de tudo.




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