top of page
Simplesmente Rosa

Mário Quintana, o poeta da simplicidade.


Um bom poema é aquele

que nos dá a impressão de que está lendo a gente ...

e não a gente a ele!

Mário Quintana

Mário Quintana é um dos maiores nomes da literatura brasileira, foi escritor, poeta, jornalista e tradutor.


Diziam os amigos mais íntimos, que Mario Quintana era o poeta das coisas simples e fazia pouco caso em relação à crítica. Conforme costumava comentar, sua poesia era feita simplesmente por sentir necessidade de escrever.




Nasceu na cidade de Alegrete, no Rio Grande de Sul no dia 30 de julho de 1906. Filho de Celso de Oliveira Quintana, farmacêutico e de Virgínia de Miranda Quintana.


No Hotel Majestic, que posteriormente foi adquirido pelo Governo do Estado para sediar a Casa de Cultura Mario Quintana, o poeta viveu entre os anos de 1968 a 1980 e, embora não tenha transitado pelo eixo Rio-São Paulo, sua obra ganhou projeção nacional, elogiada por nomes como Monteiro Lobato, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, Cecília Meireles e João Cabral de Melo Neto.


Apesar disso, não conseguiu uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Coisa que não tirava o seu tradicional humor e sarcasmo. Depois de ter perdido a terceira indicação para a entidade compôs o célebre Poeminha do Contra:


"Todos esses que aí estão

atravancando meu caminho,

eles passarão...

eu passarinho!".


Publicou mais de cinquenta livros, o primeiro deles aos 34 anos, A Rua dos Cataventos, um de seus títulos mais conhecidos. O último livro, Velório sem defunto, foi publicado quando o poeta já contava com 84 anos, em 1990. Foi ainda jornalista e tradutor, tendo trabalhado nos jornais O Estado do Rio Grande do Sul e Correio do Povo, bem como nas traduções de escritores como Proust, Virginia Woolf, Voltaire e Giovani Papini. Em 1934, seu primeiro livro traduzido foi publicado: Palavras e Sangue de Giovanni Papini (escritor italiano).


Através de suas traduções, muitos brasileiros puderam e ainda podem conhecer parte da Literatura Universal. Paralelo ao seu trabalho em editoras e jornais escrevia poemas, poesias e contos.



Em 1966, publica "Antologia Poética", organizado pelos escritores Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. Foi saudado pela Academia Brasileira de Letras pelo Poeta Manuel Bandeira. Em 1980, recebeu o prêmio Machado de Assis da ABL pela obra total e em 1981, foi agraciado com o Prêmio Jabuti de Personalidade Literária do Ano.




Mario Quintana não se casou nem teve filhos. Ficou desempregado, sem dinheiro foi despejado e alojado no Hotel Royal, no quarto de propriedade do ex-jogador Paulo Roberto Falcão.




No dia 05 de maio de 1994, Mario Quintana faleceu na cidade onde viveu grande parte de sua vida e onde se tornou uma espécie de figura lendária, absolutamente identificado com as ruas e praças de Porto Alegre. Na Praça da Alfândega, no Centro Histórico da cidade, Mario foi esculpido em estátua ao lado do amigo, o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade. Além dessa homenagem, Mario foi imortalizado pela Casa de Cultura que leva seu nome, onde é possível visitar o Quarto do Poeta, uma reconstituição fiel com móveis e objetos pessoais do escritor.

Inaugurada em 1990, antes a Casa de Cultura Mario Quintana era sede do Hotel Majestic,

um dos endereços onde o poeta viveu em Porto Alegre.


Pouca gente notou que o "poetinha", apelido ganho de Vinícius de Morais, tinha se ido. O país ainda chorava a perda do ídolo das manhãs de domingo, Ayrton Senna, que morreu quatro dias antes.


Segundo Quintana, na poesia Ah! Os Relógios, estava certo o povo em não chorar por ele, pois um poeta nunca morre:


"Amigos não consultem os relógios quando um dia me for de vossas vidas... Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida - a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira".


E um poeta também brinca com a morte:


A morte é a libertação total: a morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de sapatos.

Olho em redor do bar em que escrevo estas linhas. Aquele homem ali no balcão, caninha após caninha, nem desconfia que se acha conosco desde o início das eras. Pensa que está somente afogando problemas dele, João Silva... Ele está é bebendo a milenar inquietação do mundo!


Espelho











Por acaso, surpreendo-me no espelho: Quem é esse que me olha e é tão mais velho que eu? (...) Parece meu velho pai - que já morreu! (...) Nosso olhar duro interroga: "O que fizeste de mim?" Eu pai? Tu é que me invadiste. Lentamente, ruga a ruga... Que importa! Eu sou ainda aquele mesmo menino teimoso de sempre E os teus planos enfim lá se foram por terra, Mas sei que vi, um dia - a longa, a inútil guerra! Vi sorrir nesses cansados olhos um orgulho triste..."


A Rua dos Cata-ventos

Da vez primeira em que me assassinaram, Perdi um jeito de sorrir que eu tinha. Depois, a cada vez que me mataram, Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meu cadáveres eu sou O mais desnudo, o que não tem mais nada. Arde um toco de Vela amarelada, Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada! Pois dessa mão avaramente adunca Não haverão de arrancar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai! Que a luz trêmula e triste como um ai, A luz de um morto não se apaga nunca!


Os poemas

Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhoso espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti...

Esperança

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano Vive uma louca chamada Esperança E ela pensa que quando todas as sirenas Todas as buzinas Todos os reco-recos tocarem Atira-se E — ó delicioso voo! Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada, Outra vez criança… E em torno dela indagará o povo: — Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes? E ela lhes dirá (É preciso dizer-lhes tudo de novo!) Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam: — O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA…


Fonte: http://www.casadobruxo.com.br/poesia/m/marioqbio.htm

http://www.revistabula.com/2329-os-10-melhores-poemas-de-mario-quintana/

http://www.jornaldepoesia.jor.br/quinta.html

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

...🌹...

Post's recentes

Prezamos pela liberdade de todos opinarem. Para isso, o bom senso em trocar ideias sempre é importante ao interargirmos aqui! Não ficaremos felizes se tivermos que bloquear alguém que não entenda isso.

bottom of page