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Douglas Nascimento

Sociedade em Foco | as polêmicas que roubaram a cena na votação do impeachment


Os deputados federais votaram no domingo (17) o processo que pedia a admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A sessão, que terminou pouco antes da meia-noite, foi bastante polêmica. Neste post, opinarei sobre alguns dos momentos que mais marcaram a votação.


Lembrando que esta é a minha visão dos fatos. Sinta-se à vontade para debater utilizando o campo de comentários, estarei disposto a responder a todos. Que mantenhamos uma discussão saudável.


Primeiro vamos falar sobre aquele que se tornou o assunto mais polêmico de toda a votação. Ao declarar seu voto no plenário, o deputado federal Jair Messias Bolsonaro (PSC-RJ) o dedicou a Carlos Brilhante Ustra, que comandou o DOI-CODI, um dos órgãos de repressão do Regime Militar.


Podemos tirar duas conclusões sobre o ocorrido:


O voto de Jair Bolsonaro foi um erro político. Nem ele deveria imaginar que sua declaração repercutiria tanto. Bolsonaro, que já havia declarado ser simpatizante da “ditadura” militar por diversas vezes, viu seu nome estampado na capa dos jornais como o “apoiador de um torturador”. A OAB-RJ já pediu formalmente a cassação do mandato de Jair.


Eu, particularmente, não vejo como negativa a declaração. Porém, como já havia pontuado em uma das postagens aqui no Recreio, fazer apologia a um regime que foi completamente demonizado pelo nosso sistema educacional é, no mínimo, suicídio político.


O voto de Jair Bolsonaro, por outro lado, aumentou seu alcance na mídia. Mesmo que de maneira totalmente negativa, foi isso o que ocorreu. Enquanto era exibida uma reportagem sobre o deputado no “Fantástico” e um especial no “Conexão Repórter”, os seguidores de Jair no Facebook aumentavam consideravelmente. E tal efeito vem acontecendo desde a votação do impeachment. Pesquisa recente do IBOPE atestou que 54% da população não o conhece. O mais desconhecido dos possíveis candidatos à presidência em 2018. Para quem não sabe, muita gente afirmou ter passado a apoiar Bolsonaro justamente após conhece-lo através de campanhas difamatórias da mídia.


Um outro momento semelhante ocorreu um pouco antes da votação de Bolsonaro. Este, inclusive, teria servido de inspiração para o voto do deputado do PSC. O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) declarou seu voto a Marighella. Para quem não sabe, era um dos terroristas que faziam guerrilha urbana na época do Regime Militar. Marighella é o autor, por exemplo, do Minimanual do Guerrilheiro Urbano, que ensinava a assaltar e a matar em nome da “revolução”.


Sobre o voto de Glauber, podemos tirar outra conclusão:


A mídia mostrou uma indignação seletiva (me sentindo um petista) ao escolher Bolsonaro como o grande vilão da história e ignorar totalmente a declaração de Glauber.. Por qual motivo a declaração de Bolsonaro causou tanta repulsa, e não a do deputado do PSOL? Por acaso alguém ainda cai no conto de que os guerrilheiros lutavam pela democracia quando até seus próprios companheiros admitem que queriam implantar uma ditadura comunista no Brasil? Ao contrário das torturas de Ustra, os crimes dos terroristas foram devidamente comprovados.


Clique abaixo e assista ao brilhante comentário de Alexandre Garcia sobre o caso:




Mas se você achou que a declaração dos senhores acima foram os únicos momentos “memoráveis” da votação, está bastante enganado. Domingo também foi o dia de ditar moda. Jean Wyllys, companheiro de partido de Glauber Braga, tentou cuspir em Jair Bolsonaro após declarar o seu voto no plenário. Segundo ele, Bolsonaro teria o xingado de “veado” e “queima-rosca”, além de o ter empurrado. Porém, o que se pode provar é que Jair soltou um “tchau, querida” e um “tchau, amor” para Jean.


Esse, sim, ao meu ver, foi o momento mais reprovável da votação, como bem pontuou as apresentadoras do “Fala Brasil”, da Record. Uma opinião é bem diferente de uma “agressão física”, que de forma gratuita é injustificável. A moda, por incrível que pareça, foi seguida ainda em plenário. Como uma espécie de vingança, o filho de Jair, Eduardo Bolsonaro, também tentou atingir Jean Wyllys com um cuspe. Sempre achei que Bolsonaro era indiscutivelmente mais impulsivo que o filho. No domingo, Eduardo Bolsonaro provou o contrário. Perdeu a razão.


Pelo menos algo de bom se pôde aproveitar desta sessão: o resultado. Motivados ou não por benefícios pessoais, nossos deputados admitiram o envio do processo de impeachment da presidente Dilma para o senado. Dessa forma, a voz da maioria da população foi ouvida, e com o comando de Renan Calheiros, será julgado se houve ou não crime de responsabilidade por parte da presidente. Isso, no entanto, é outra história, que já discutimos aqui e não é de relevância para essa postagem.


Que nossos senadores possam escolher o melhor para nosso país. Que Deus esteja no controle. Até o próximo “Sociedade”.

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