Televisão e Religião: um casamento perigoso?
A Televisão aos poucos está deixando de ser a principal ferramenta de entretenimento com a expansão e evolução da tecnologia. Redes Sociais, YouTube, Twitter, WhatsApp entre outros tem conquistado cada vez mais pessoas de todas as faixas etárias, principalmente jovens. Visando apenas o lucro deixam de apresentar produtos de qualidade e educativos ao público, com isto emissoras de TV usam suas armas em busca de recursos para se manterem no ar e as igrejas acabaram sendo uma fonte para algumas emissoras.
Há muito tempo tem se questionado o espaço dado a programas religiosos na TV aberta e leis tentando limitar esta participação são apresentadas. Esta semana o ocorrido na Rede TV envolvendo o 'Olha a Hora' com Luciano Faccioli e um Programa da Igreja Universal acendeu novamente a discussão sobre o tema.
Uma parcela significativa ou mais barulhenta critica o espaço dado às igrejas, os argumentos mais usados são:
A isenção de taxa tributária das igrejas evangélicas;
Que o dinheiro é proveniente dos dízimos dos fieis, estes por sua vez são taxados como pessoas com a capacidade menor de raciocínio e discernimento;
O excesso de programação religiosa;
Todos os pastores são charlatões ou ladrões e as igrejas evangélicas são corruptas;
O estado é laico, todas as religiões deveriam ter o mesmo espaço;
Canal de televisão é uma concessão publica, o estado é laico e deve banir programas evangélicos da TV.
O tema é bem complexo e polêmico realmente. Embora não me agradem determinados programas religiosos que ao meu ver procuram ‘vender’ as bênçãos ou usam espaço para atacar outras igrejas, não acho errada a presença religiosa na TV. Se tem espaço é porque alguém assiste ou tem interesse em algum momento.
Falar em charlatanismo se referindo as igrejas e seus líderes são até aceitáveis em alguns casos desde que não haja generalização, mas não podemos nos esquecer de outros ‘produtos milagrosos’ como os emagrecedores, produtos para cabelos, creme dental, que são vendidos mesmo sabendo que não existe o resultado prometido na propaganda e mesmo assim não sofrem tantas críticas ou represálias. Sem contar que não são apenas as igrejas evangélicas que tem presença na TV e religiosos na mídia com seus produtos.
O termo laico assim como outros termos está perdendo o real sentido, estado não laico não significa um estado ateu ao contrário do que muitos tentam impor com suas filosofias e ideologias. Quem institui o estado laico na verdade foram os protestantes. Esquecem que o Brasil em particular é um país religioso e de maioria cristã embora exista a liberdade religiosa para as demais.
Quanto ao tamanho ser minoria ou maioria é uma particularidade da própria religião e quem decide seguir ou deixar de seguir a mesma. Já que há a liberdade religiosa que as demais lutem e paguem por seu espaço, embora exista uma aceitação maior de algumas religiões na TV, especialmente em novelas enquanto outras são retratadas de forma pejorativas.
Vale ressaltar que os mesmos que atacam a programação religiosa na TV são os que defendem a inclusão e a ‘super valorização’ das ‘minorias’ na TV e em outras áreas, as vezes são contrários a presença de símbolos religiosos em Hospitais, no dinheiro, supostamente lutam contra a intolerância, o preconceito e a liberdade de expressão.
Já que defendem tanto a liberdade de expressão e o estado laico, porque querem tanto calar as religiões ou quem pensa ao contrário de determinadas ideologias e comportamentos? Meio contraditório.
Em relação à origem do dinheiro, vale ressaltar que a maior parte dos eventos e programação evangélica é financiada pela própria igreja e seus membros enquanto outros movimentos usam verbas públicas recolhidas dos altíssimos impostos brasileiros que deveriam ser destinados à saúde pública, segurança, educação, saneamento básico, moradia e coisas mais úteis.
A questão do dízimo é algo pessoal dos fieis de cada denominação cabendo a eles avaliar se é válido ou não, uma vez que este dinheiro também deveria ser utilizado para manutenção da igreja, projetos sociais, ajuda aos membros mais carentes e pessoas necessitadas independente de quem sejam e prover o sustento aos que "verdadeiramente" propagam o evangelho.
Enfim, o tema é amplo e há muito a ser questionado e debatido de ambos os lados. Pessoalmente acredito no bom senso, livre arbítrio e se tratando da TV existe o controle remoto, cada um assista o que quiser e lhe agrada em seu lar.
Observações e curiosidades
Estado Laico
Estado laico, secular ou não confessional é aquele que não adota uma religião oficial e no qual há separação entre o Clero e o Estado, de modo que não haja envolvimento entre os assuntos de um e de outro, muito menos sujeição do segundo ao primeiro. Portanto, de plano se verifica que Estado laico não é sinônimo de Estado antirreligioso.
Diferença entre laicidade e laicismo
De modo bastante sucinto, a laicidade é característica dos Estados não confessionais que assumem uma posição de neutralidade perante a religião, a qual se traduz em respeito por todos os credos e inclusive pela ausência deles (agnosticismo, ateísmo). Já o laicismo, igualmente não confessional, refere-se aos Estados que assumem uma postura de tolerância ou de intolerância religiosa, ou seja, a religião é vista de forma negativa, ao contrário do que se passa com a laicidade.
Palavra hebraica traduzida por dízimo é ma’aser, onde a sua raiz (‘aser) guarda uma relação com o verbo árabe‘ashara, que significa formar uma comunidade, constituir um grupo, ganhando assim, um profundo significado teológico. A relação destas palavras dão sentido claro para o conceito bíblico sobre o dízimo, que é celebrar, comunitariamente, a Javé com suas produções.
Dar o dízimo é um conceito do Velho Testamento. O dízimo era exigido pela lei na qual todos os israelitas deveriam dar ao Tabernáculo/Templo 10% de todo o fruto de seu trabalho e de tudo o que criassem (Levítico 27:30; Números 18:26; Deuteronômio 14:22; II Crônicas 31:5; Malaquias 3:8-10). Alguns entendem o dízimo no Velho Testamento como um método de taxação destinado a prover pelas necessidades dos sacerdotes e Levitas do sistema sacrificial.
O Novo Testamento, em nenhum lugar ordena, e nem mesmo recomenda que os cristãos se submetam a um sistema legalista de dizimar. Paulo afirma que os crentes devem separar uma parte de seus ganhos para sustentar a igreja (I Coríntios 16:1-2). Por outro lado é um ato voluntário em agradecimento pelos bens recebidos.
O que acontece/acontecerá com pastores que roubam seus fiéis e fazem outras coisas ilícitas?
(Lucas 17.1-2)
1 E disse (Jesus) aos discípulos: É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem!
2 Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos.”
(Mateus 7 . 15 – 23)
15 Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores.
16 Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?
17 Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus.
18 Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons.
19 Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. 20 Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
22 Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?
23 E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.
Religião
A palavra Religião vem do latim ¨religare¨, tem o significado de religação. Essa religação se refere entre uma nova ligação entre o homem e Deus. Atualmente o termo é usado erroneamente para enquadrar uma pessoa em determinadas denominações.
Qual é a religião verdadeira?
Tiago (1.27)
A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como sincera e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e, especialmente, não se deixar corromper pelas filosofias mundanas.