Uma ponte que todos passamos...

Quem não gosta de ganhar ou vencer?

Seja em competições esportivas, desafios, concursos, brincadeiras em família ou entre amigos, nas guerras, ou até mesmo ganhar o mais singelo presente ou reconhecimento trás a sensação de satisfação e dever cumprido.

Vencer trás a tona um sentimento antigo, o de que só os mais fortes sobrevivem. Tanto que alguns dizem que a história é escrita por vencedores e muitos deles foram eternizados em monumentos em sua homenagem, na mitologia ou literatura, como a Guerra de Tróia narrada na Ilíada de Homero, as conquistas navais de Portugal, retratadas em Os Lusíadas de Camões entre tantos outros.

Muitos vencedores por sua vez, não só passam por cima dos derrotados como fazem questão de se vangloriar, não pensam que um dia poderão estar do outro lado.

A perda é um assunto que tentamos evitar e fugimos, mas é algo que temos que encarar em algum momento... Infelizmente ainda não inventaram uma “Máquina dos sentimentos” com um botão liga e desliga ou controle remoto de acordo com as circunstâncias.

Perder algo ou alguém importante é horrível em qualquer situação, à dor parece não caber no peito e chega a alma. Lidar com as perdas é um processo complexo e individual, cada um reage de uma forma diferente.

Muitos questionam e querem saber o porquê de tal situação, outros ficam paralisados sem reação alguma, sem entender e se isolam, em alguns casos ficam chatos e insuportáveis. Alguns tentam cobrir este sentimento com camadas de ocupações como uma forma de tentar ignorar ou evitar pensar sobre o que lhe afeta só para não decepcionar quem está ao redor, afinal esperam que você seja/esteja sempre forte, sorridente, alegre pronto/a a ajudar e nunca receber ajuda e compreensão.

Existem também aquelas pessoas que reprimem a dor, seguindo em frente fingindo que está tudo bem, mas não está... A dor está escondidinha lá no fundo do coração e uma hora ela ressurge mais forte do que nunca mostrando que seu mundo está cada vez mais frio, o céu cinza, sem cor, sem vida, sem gosto e que você apenas mascarou a realidade e prolongou o sofrimento. O que fazer?

Quem está de fora da situação tenta ajudar apresentando soluções instantâneas que não existem, ou vem com inúmeras citações como “O tempo cura tudo”, “Seja forte”, “Tem que superar”, uma forma a mais de encobrir um sentimento que vai matando aos poucos se não for tratado.

Uma frase muito conhecida é “A dor é inevitável, o sofrimento opcional” difundida como sendo de Carlos Drumond de Andrade, mas na verdade é de Tim Hansel escritor do livro motivacional “You gotta keep dancin” cuja frase original é “Pain is inevitable, but misery is optional. We cannot avoid pain, but we can avoid joy”. Traduzindo: "A dor é inevitável, mas a miséria é opcional. Não podemos evitar a dor, mas podemos evitar alegria".

A formula mágica ou máquina com botão liga/desliga para vencer a dor da perda não foi inventada, mas é nítido que fugir não é a cura, pois ela vai te acompanhar onde estiver. O sofrimento pode ser considerado opcional quando você decide ter força de vontade, descobrir a saída e enfrentar o que está causado tal sofrimento evitando dores futuras. Aceitar que perder as vezes faz parte da vida, e não podemos trazer de volta os que se foram ou mudar o passado apagando tudo o que nos trouxe sofrimento. É escolher entre se entregar ao fracasso ou ter esperança e lutar.

Segundo especialistas, o sofrimento emocional pode debilitar o organismo causando dores físicas e deixando-o vulnerável a doenças como gastrites, anemias, estresse, cefaleias, entre outras.

Neste caso vencer o sofrimento não é uma forma de se vangloriar ou ter um arco do triunfo ou monumento com seu nome, é uma questão de necessidade pessoal ou sobrevivência... Um animal machucado pode se tornar mais agressivo... Estar bem antes de tudo é importante para você, depois aos que estão a sua volta, pois cada um dá aquilo que tem...